9 de jun. de 2010

Quem conta um conto...

Contar é muito dificultoso. Não pelos os anos que já se passaram. Mas pela a astucia que têm certas coisas passadas de fazer balance, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com outros acho que nem se misturam [...]. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Toda saudade é um espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como num filme que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que dá sentido, principio, meio e fim, mas como um álbum de retratos, cada um completo em si mesmo, cada um contendo um sentido inteiro. Talvez seja esse o jeito de escrever sobre a alma em cuja memória se encontram coisas eternas, que permanecem...

Guimarães Rosa.

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